quarta-feira, 3 de novembro de 2010

REPÚDIO À SECRETARIA DE SAÚDE DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU.


É COM REPÚDIO À SEC. DE SAÚDE  E COM SOLIDARIEDADE À FAMÍLIA DE FRAN QUE VENHO ATRAVÉS DESTE MEIO DE INFORMAÇÃO MOSTRAR TAMBÉM A CARTA QUE FRANCINEIDE TÃO BEM SE EXPRESSOU COM TAMANHOS DETALHES QUE DÁ PARA IMAGINARMOS A CENA, QUE PRIMEIRO TERIA QUE TER SIDO REALIZADO O PROCEDIMENTO EM UM HOSPITAL E SEGUNDO POR UM PROFISSIONAL. MAS QUE NA FALTA A FILHA REALIZOU POR AMOR.
CONHEÇO FRANCINEIDE MOURA DESDE OS TEMPOS DE COLÉGIO , NO INSTITUTO PIO XII, SEMPRE MUITO BRINCALHONA, MAS SABENDO EXIGIR DE MANEIRA ÍNTEGRA O SEU ESPAÇO E O ESPAÇO DE SEU PRÓXIMO. CONHEÇO TAMBÉM SUA MÃE, QUE TANTAS VEZES ME RECEBEU EM SUA CASA, QUANDO EU  E ALGUNS AMIGOS ÍAMOS ATÉ SUA CASA VER FRANCINEIDE TOCAR VIOLÃO. LEMBRA, FRAN?

A FORÇA DA PROMOTORIA DE JUSTIÇA

Há cerca de 7 anos cuido de minha mãe, atualmente com 70 anos, diabética, hipertensa, depressiva, com um pé amputado e o outro debridado há cinco anos, porém sensível igual ao pé de um recém nascido.
No mês de agosto em virtude da depressão tentou o suicídio e esteve em coma durante cerca de 20 dias, em virtude da imobilidade surgiu na região sacra uma escara, tudo isso contribui para a sua total dependência.
No final do mês de setembro foi encaminhada pelo médico do PSF para um debridamento (pequena cirurgia) da escara, fomos duas vezes à APAMI e uma ao Hospital Regional Monsenhor Antônio Barros, mas sem sucesso.
Vi minha mãe apodrecer a olhos nus.
Com profundo sentimento de impotência e movida pelo desejo de justiça, marca registrada em mim de forma indelével desde a mais tenra idade, liguei para Drª Heliana (Promotora de Justiça), cuja conduta se pauta pelo senso de fazer justiça aos injustiçados do sofrido povo de São José de Mipibu. Procurei-a no dia 22 de outubro, cheguei chorando e ela garantiu que agiria em favor de minha mãe. No início da tarde deste dia (sexta-feira) deixei a promotoria, certa e confiante de que a solução chegaria com urgência.
Ao chegar em casa, nesse mesmo dia vi minha mãe chorando de dor, pedindo que eu não a deixasse morrer “podre”, pois o mau cheiro estava insuportável (mesmo com dois curativos ao dia), movida pelo desejo de livrá-la desse sofrimento pensei em desistir da minha vida e da dela, mas Deus em sua infinita misericórdia não permitiu tal fraqueza de minha parte.
Consegui forças e peguei uma lâmina de bisturi e, mesmo sendo leiga na área médica retirei toda a carne morta, antes de fazer isso pedi a Deus e a Nossa Senhora das Graças que agisse em mim, retirei a parte pobre com muito cuidado, usando luvas e sem máscara, ninguém conseguiu ficar ao meu lado durante o tempo em que limpava o ferimento, o cheiro forte de carne podre incensou a casa.
Com cuidado e com os olhos rasos d’água eu dizia: “Mãe, vai dar certo!” e ela respondia: “Confio em Deus minha filha. Durante o procedimento fiz tudo o que tinha que ser feito, terminei tudo suada, cansada e chorando, conclui o curativo e em seguida mostrei para minha outra irmã (tia) as carnes mortas e ela disse: “você é muito corajosa!”. Respondi: “Mãe vai ficar boa!”.
No dia seguinte pela manhã e surpresa nossa a escara não apresentava mais o mau cheiro. Não aconselho ninguém a agir como eu, mas naquele dia eu não poderia ser omissa! Fiz o que qualquer médico poderia ter feito e sem anestesia. Por que não atenderam minha mãe, pessoa idosa, totalmente dependente.
Aqui saliento a ausência de gases nos PSFs do município e a demora em marcar consultas com médicos especialistas, a falta de medicamentos. Isso é vergonhoso e mostra o descaso na saúde de Mipibu.
No dia 27 de outubro recebi uma ligação da Secretaria de Saúde, pedindo que eu comparecesse dia 28 às onze horas que o caso de minha mãe seria resolvido e que os medicamentos seriam entregues a mim.
Lamento profundamente ter tido que procurar Drª Heliana, pois é vergonhoso para o município tudo isso. Falei com a prefeita, mandei mensagens e nada! Hoje vejo que as pessoas valem em quanto podem oferecer alguma, mãe hoje inválida, para os políticos não tem valor!
Deixo aqui registrado tal fato, e não aconselho ninguém a agir como eu fiz (limpar um ferimento com a gravidade do dela) usando uma lâmina de bisturi.
Mas meu ato foi um ato de AMOR àquela que me pôs no mundo.

Agradeço a Drª Heliana, que faz jus ao cargo que ocupa.

São José de Mipibu, 28 de outubro de 2010.

Francineide Moura


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