É inegável que os votos das regiões mais pobres do país – Norte e Nordeste – consolidaram a ampla vantagem de 12 milhões de votos que Dilma Rousseff (PT) teve sobre o seu adversário do segundo turno, José Serra (PSDB), na eleição presidencial deste domingo. Porém, mesmo se tivesse saído dessas duas regiões sem qualquer vantagem, a nova presidente do Brasil garantiria a vitória. Ou seja: a diferença que Dilma fez em Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Distrito Federal já seria suficiente para anular as perdas que teve em todos os estados onde Serra ganhou.
Considerando apenas os votos do Centro-Oeste, Sul e Sudeste, Dilma teria 33,2 milhões de votos contra 32,9 milhões de Serra – uma diferença de apenas 275 mil votos, mas que daria a Presidência à petista. Dilma venceu no Sudeste com um diferença de 1,6 milhão de eleitores e, por isso, neutralizou as vitórias de Serra nos estados do Sul, onde ele teve vantagem de 1,2 milhão de votos, e no Centro-Oeste, região em que a diferença pró-Serra foi de apenas 129 mil votos.
Dessa maneira, cai por terra o argumento de que foram apenas o Nordeste e o Norte que garantiram a eleição de Dilma. É o que diz o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR. “A interpretação de que Dilma teve uma vitória ‘geográfica’ é um pouco enganosa”, afirma.