segunda-feira, 22 de agosto de 2011

QUASE REAL - POR JOEL AMARAL


Eu sonhava que estava numa cidade bonita, bem iluminada e muito limpa.
Sentava eu no banco da praça de jardins bem cuidados.
Em todo tempo que estive sentado não havia bicicletas a correr pela praça, também não havia motos, nem carros em cima da velha praça.
De repente eu me levantei e comecei a passear, mas não encontrei ninguém bebendo, não havia mesas, nem drogados, nem crianças pisando no jardim.
Subitamente eu lembrei que existiam duas praças que no passado conhecíamos como praça nova e praça velha, então sonâmbulo caminhei pra a velha praça de minha infância.
Por mais que eu andasse não conseguia me aproximar. Estava horrivelmente escura e tristemente abandonada. Com muito esforço e mais que minhas forças permitiam, ultrapassei o descaso, o abandono, o desrespeito e a escuridão.
Caminhando lentamente olhei para a direita e via sem entender um prédio todo de vidro com longa escada de mármore negro.
Do lado esquerdo observei uma casa de taipa quase sem telhas na sua quase porta  e estava quase escrito a carvão: “BANCO MIPIBUENSE DA VERGONHA”
Continuei andando, agora olhando para frente no meio desta “babel” sorrindo eu gargalhei e gritei: Eureka! Eureka! Descobri a existência do nada.
Neste pátio onde existe o nada, exatamente no meio dele uma plateia alegre e feliz agitavam bandeiras tristes que diziam: “PODER, POBRE PODER, POR QUE ME ABANDONASTE?”